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    14 de setembro de 2015

    OPERAÇÃO "VIRIATO" V

    A caminho de Nambuangongo
    Na marcha para Norte, o Batalhão de Caçadores 96 foi reforçado com um pelotão de engenharia comandado pelo alferes miliciano Jardim Gonçalves, o homem que anos depois daria cartas na Banca. Armando Maçanita guardou até à morte, aos 88 anos, grande admiração pelo engenheiro. "Se não fosse o alferes Gonçalves não sei se teria conseguido chegar a Nambuangongo" - ouviam-no repetir, de lágrima traiçoeira ao canto do olho, nos almoços que todos os anos juntava os bravos do batalhão. O pelotão de engenharia, sob as ordens de Jardim Gonçalves, construiu jangadas com que atravessaram rios, removeu árvores de grande porte que impediam a passagem, ergueu pontes através das quais venceram os rios. No fim da operação, o alferes foi condecorado com uma Cruz de Guerra.
    Os homens do tenente-coronel Maçanita, ao mesmo tempo que ultrapassavam as armadilhas do terreno, defendiam-se de emboscadas da UPA e rechaçavam assaltos dos guerrilheiros. Entraram várias vezes em combate - como no Rio Luica, na Fazenda Portugal, no Cassungo e no Mucondo. Enquanto o Batalhão de Caçadores 96 progredia a caminho do objectivo - o Batalhão de Caçadores 114, comandado pelo tenente-coronel Henrique Oliveira Rodrigues, não conseguia contornar as dificuldades. Tanto o comandante, Oliveira Rodrigues, como o segundo-comandante, major Balula Cid, passando pelo oficial de operações, capitão Lemos Pires - todos eram oficiais com o curso de Estado-Maior. O batalhão não consegue passar de Quissacala, sensivelmente a meio caminho entre o ponto de partida, na região de Caxito, e a vila de Nambuangongo.



    Ordem para parar
    Ao princípio da tarde do dia 9 de Agosto de 1961, uma quarta-feira, o Batalhão de Caçadores 96 estava às portas de Nambuangongo. O tenente-coronel Maçanita tinha perdido quatro homens para ali chegar. Recebe pelo rádio uma comunicação do quartel-general de Luanda. Dizem-lhe para não entrar em Nambuangongo, porque iriam lançar pára-quedistas na zona com a missão de ocupar a vila. A resposta do comandante do batalhão deixou gelados os oficias do Estado-Maior: "Quem entra ali sou eu. E se lançarem pára-quedistas vou toma-los como inimigos, porque não sei se são portugueses" - e desligou o rádio para não receber mais mensagens.
    Não queriam em Luanda que fosse o Batalhão 96 o primeiro a entrar em Nambuangongo. Estava previsto que essa honra seria concedida ao Batalhão 114.
    Mas esta unidade estava irremediavelmente atrasada. Planearam então o lançamento de uma companhia de pára-quedistas - para evitar que fosse um oficial de Infantaria, sem penacho, a receber os louros da vitória. Mas o tenente-coronel Maçanita, como era próprio do seu feitio, não ligou às ordens. Estava a cerca de seis quilómetros de Nambuangongo. Montou três auto-metralhadoras à frente da coluna, que faziam fogo rasante e ininterrupto, e marchou atrás delas. A primeira companhia a entrar na vila foi a 103, comandada interinamente pelo alferes Casimiro. A honra de içar a bandeira na torre da igreja coube ao pelotão do alferes Santana Pereira. No dia seguinte, cerca das dez da manhã, chegou a Nambuangongo o Esquadrão 149, comandado pelo capitão Rui Abrantes. O Batalhão 114 continuava acantonado na zona de Quissacala onde seria reforçado por um pelotão de Cavalaria comandado pelo então alferes Manuel Monge.
    A teimosia do tenente-coronel Maçanita custou-lhe um rol de pesadas acusações. Foi mandado regressar a Luanda e tiraram-lhe o comando do Batalhão 96. Mandaram-no para Lisboa para responder no Tribunal Militar. Acusavam-no de 13 crimes, entre eles, desobediência, ter recebido dinheiro de um fazendeiro e de ter mantido relações sexuais com uma negra chamada Madalena. Já na Metrópole, foi chamado ao Ministério do Exército. Um brigadeiro rasgou o processo e perguntou-lhe onde queria ser colocado. Maçanita disse-lhe que gostava de voltar a comandar o Batalhão 96, em Angola. O brigadeiro, homem previdente, aconselhou-o a escolher outra unidade: "Se quiser, vai. Mas não o aconselho, porque, como deve calcular não deixou muitos amigos em Luanda". Maçanita pediu então para voltar ao Batalhão Independente de Infantaria 18, em São Miguel, nos Açores.


    FIM

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