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    11 de setembro de 2015

    RELATOS DA GUINÉ I

    Victor Tavares CCP121 © Direitos reservados

    OPERAÇÃO “MURALHA QUIMÉRICA”, COM OS PÁRA-QUEDISTAS DO BCP12: - Aldeia Formosa, Guileje e Gadamael em Abril de 1972

    Acção desenrolada entre 27 de Março e 8 de Abril de 1972, no sul da Guiné (Aldeia Formosa, Guileje e Gadamael).

    Esta operação, na qual participaram as CCP 121, 122, 123 e outras forças, com resultados excelentes, nas zonas operacionais de Aldeia Formosa, Guileje e Gadamael Porto, foi uma das muitas operações importantes em que intervieram os Pára-quedistas do BCP 12 durante o ano de 1972.




    Zona de acção: uma 'zona libertada' do PAIGC

    A zona de acção situava-se numa região que o PAIGC considerava libertada e onde os guerrilheiros se movimentavam com relativo à-vontade conforme se viria a constatar.
    O rio Balana separava o corredor de Guileje, que se estendia a sul entre a fronteira e ia até Salancaur Jate. A outra, a norte do mesmo rio, onde se movimentavam os grandes efectivos do Primeiro Corpo do Exército do PAIGC e que se incluía no troço do corredor de Missirá.

    Para esta operação, além das Companhias de Pára-quedistas, também fizeram parte duas Companhias de Comandos Africanos assim como duas Companhias do Exército, as CCAÇ 3399 e 3477, mais a CCAÇ 18 além de um grupo especial do COE. Todas estas forças estavam sob o comando do Tenente-Coronel Pára-quedista Araújo e Sá, Comandante do BCP 12 tendo como adjunto o Cap Pára-quedista Nuno Mira Vaz.

    Todas estas forças estavam organizadas em vários agrupamentos operacionais.

    A Operação iniciou-se no dia 27 com o deslocamento de parte dos efectivos a serem colocados por via aérea em Aldeia Formosa e Gadamael Porto, para no dia seguinte serem lançadas várias acções simultâneas na região.

    Logo após a heli-colocação de dois Grupos de Combate de pára-quedistas, estes detectaram um grupo de guerrilheiros com quem tiveram um forte contacto, causando-lhe dois mortos e a captura de 1 Kalashnikov e de 1 LGF-RPG 7 assim como vários carregadores e 4 granadas de RPG 7.

    Horas mais tarde este mesmo grupo de pára-quedistas teve contacto com outro grupo IN, abatendo um dos seus elementos, capturando 1 Metralhadora ligeira Degtyarev e provocando alguns feridos conforme se veio a confirmar pelos vários rastos de sangue existentes no local das suas posições.

    10 guerrilheiros e 4 civis mortos na sequência dos bombardeamentos dos Fiat

    Entretanto os pára-quedistas que compunham este Agrupamento, vieram a emboscar durante a noite num local perto de uma picada e de uma zona bombardeada pela nossa aviação.

    Manhã cedo, 5 horas e pouco, foi levantada a emboscada, seguindo a direcção do local bombardeado na véspera pelos Fiat 91. Nesse local detectámos um acampamento IN, parcialmente destruído. No seu interior encontravam-se 10 guerrilheiros do PAIGC mortos, todos fardados, e 4 civis da população.

    O bombardeamento do dia anterior tinha sido feito com grande precisão e rapidez, não dando possibilidade de se protegerem nos vários abrigos subterrâneos que os mesmos aí dispunham.

    Passada revista ao aldeamento foi apreendido o seguinte material de guerra, 1 canhão SB-10, com o respectivo aparelho de pontaria, 1 morteiro 82 completo, 1 bipé de morteiro 82, 1 espingarda semiautomática Simonov, 1 pistola metralhadora PPSH, 5 granadas de LGF-RPG 7, 4 granadas de LGF-RPG 2, além de várias peças de fardamento e muitas munições de vários calibres.

    Durante a revista, um grupo de guerrilheiros atacou as nossas forças, que prontamente responderam pondo-os em debandada e provocando-lhe mais 1 morto e a perda de 1 Kalashnicov.

    No mesmo dia por volta das 14 horas este agrupamento foi visitado na zona de acção pelo Comandante Chefe.

    A actuação dos Comandos Africanos

    A 1 de Abril [de 1972] outro Agrupamento, formado por três Grupos de Combate de uma das Companhias de Comandos Africanos, detectou um grupo inimigo estimado em cerca de 35 elementos, que se deslocava em direcção à fronteira.

    Foi então movida a perseguição, vindo a ter um forte contacto de cerca de 15 minutos, causando-lhe 4 mortos e a apreensão de 2 Kalashnikov assim como vários equipamentos destes elementos abatidos.

    Por sua vez outro Agrupamento, este constituído por 2 Grupos de Combate também de uma das Companhias de Comandos Africanos, quando nesse mesmo dia procedia a evacuação de um militar doente, foi atacado por um grupo da força inimiga que, fazendo largo uso de morteiros e LGF-RPG 2 e 7, lhes veio a provocar 1 morto e 5 feridos, embora durante a reacção das nossas tropas os guerrilheiros do PAIGC tenham sofrido 3 mortos e vários feridos e perdido os equipamentos destes.

    A 3 de Abril o Agrupamento Onça 0, formado por dois Grupos de Combate da CCP 122, detectou um acampamento na Região do Xitole, , onde recolheu 4 granadas de canhão s/recuo e 12 granadas de RPG 2.

    Continuada a batida, foi encontrada na zona do Corredor de Missirá,  outro acampamento IN, este já abandonado à pressa, onde foram encontradas 5 granadas de RPG 2, 1 carabina Zbrojovska, além de 30 mochilas contendo artigos de fardamento e munições em grandes quantidades.

    Foi ainda este Agrupamento que no dia 5 de Abril detectou outro acampamento do PAIGC na região de Guileje, onde foram apreendidas 22 granadas de morteiro 82, 3 de RPG 7 assim como diversos equipamentos com munições.

    No dia 8 de Abril foi dada como terminada esta Operação, alcançando os seus principais objectivos, neutralizando a organização que o PAIGC tinha naquela região, pelo menos durante algum tempo, o que viria a acontecer, até porque o PAIGC já possuía algumas estruturas, tais como um hospital e uma Loja do Povo, destruídos pelas nossas tropas na região de Guileje.

    Este cenário veio entretanto a ser alterado, porque as forças de guerrilha do PAIGC acabaram por se reorganizar e, passados alguns meses, estavam com uma dinâmica operacional incrível, bastará recordar o que se passou em Guileje e Gadamael um ano depois. Ninguém que passou por aquele sector operacional esquecerá o inferno porque passou...

    Balanço das perdas do PAIGC

    Nesta grande Operação as Tropas Pára-quedistas tinham obtido os seguintes resultados totais: 30 mortos, 17 guerrilheiros feridos e capturados, além de muitos feridos causados durante os vários contactos tidos, capturando também o seguinte material:

    1 canhão s/recuo B-10,
    1 morteiro 82 completo,
    2 metralhadora ligeira Degtyarev,
    4 espingardas automáticas Kalashnikov,
    2 espingardas semiautomáticas Simonov,
    1 espingarda Mauser,
    2 pistolas-metralhadoras PPSH (costureirinhas),
    1 carabina Zbrojovska,
    5 granadas de mão defensivas,
    24 granadas de morteiro 82,
    22 granadas de RPG 2,
    14 granadas de RPG 7,
    6 granadas de canhão s/recuo,
    2 cunhetes de munições 7,62,
    além de muito fardamento e equipamento militar.

    Por seu lado a CCP 121 sofreu 2 feridos provocados pela explosão de uma granada da nossa artilharia que rebentou a boca do cano.

    Quanto às restantes forças que participaram nesta operação, os Comandos Africanos tiveram 1 morto e 7 feridos.

    Louvor ao Batalhão de Pára-quedistas 12

    O Comandante Operacional das Forças Terrestres Tenente-Coronel Paraquedista Araújo e Sá, no Relatório de Operações, fez uma destacada citação às tropas participantes não pertencentes ao BCP 12, designadamente às duas Companhias de Comandos Africanos e às Companhias de Caçadores 3477, 3399 e CCAÇ 18 pelo seu espírito de missão, assim como aos Pilotos da Força Aérea com saliência para o Alferes Trindade Mota, Piloto de Helicanhão.

    Também relacionado com a Operação Muralha Quimérica, o Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné concedeu ao Batalhão de Pára-quedistas um Louvor que relevava a forma valorosa como, uma vez mais, as Tropas Pára-quedistas do BCP 12 se tinham batido neste Teatro de Operações.

    Findo este período as nossas forças regressaram em LDG ao BCP 12 para retemperar forças e preparar-se para novas missões.

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